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WILLIAM HAVERLY MARTINS
Poeta e advogado.
Nasceu em Senhor do Bonfim, sertão do Estado da Bahia, Brasil.
Estudou Direito na UFBA e Letras na UNIR.
Depois de longa peregrinação por vários Estados brasileiros, estabeleceu-se em Porto Velho, RYO, fascinado pela exuberante natureza, inspiração constante para seus escritos.
MARTINS, Williiam Haverly. O Tempo da Vida. Capa: Donald. Ilustrações: Viriato Moura. Apresentação por Viriato Moura.
Porto Velho: Editora – Governo de Rondônia, 2000. 148 p. 14,5 x 21 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda
Doação do livreiro Jose Jorge Leite de Brito, em 2021.
SOLIDÃO
Gosto da solidão...
Sinto-me cobaia de pensamentos.
Deixo-os me explorarem,
Para ter a convicção
de tudo
dentro do nada...
COIVARA
Amontoam-se restos de vida
E o fogo...
Pobre solo!...
Cinzas sopradas no húmus,
Substâncias evaporadas.
Ciclo comprometido.
Pobre solo!...
Gotas de orvalho,
Lágrimas irrigando a lembrança
De um tempo em que foi forte.
QUEIMADA
Gritos arrepiantes,
Estalos dolorosos.
Braços erguidos sobre chamas
Como a implorara pela RAZÃO.
VIDA SEM FRONTEIRAS
Cantar
A perpetuação de todas as matas
de todas as espécies.
Cantar
A preservação da vida,
É entoar
O hino de uma Pátria Comum"@
URUNOSSO
URU
URUPÁ
URUTU
URUPÊ
URUCURI
URUCU
URUÁ
URUEU
URUEURAUAU
UIRAPURU
Um silêncio de brisa fresca matinal
balança o verde;
Um silêncio colorido de bando de borboletas
muda rápido de lugar;
Um silêncio de macaquices
observa do alto o movimenta da floresta;
Um silêncio de igarapés
borbulha lento e frio colinas abaixo;
Um silêncio de coachos;
Um silêncio de cantos!
cantos!
cantos!
Ainda que em minha visão idealista,
Tudo pára...
Um silêncio de admiração,
de respeito,
de compreensão!
Não se ouve motosserras...
Ouve-se um toque de silêncio pela vida!
Ouve-se um silêncio de silêncios...
E o aviso de Tupã:
O UIRAPURU VAI CANTAR!!!
EXEMPLO
Orquídeas e bromélias
encantam-se, colorem-se,
fascinam o meio,
sem incomodar os amigos
que, orgulhosos, lhes oferecem a morada.
INCERTEZA
Vegetais,
Animais,
Centelhas de amor vidas!
Ressurgirão sempre, como o sol?
O homem
Transforma o sempre
em efêmero,
Ainda que essencial, como a floresta!
DEU VERDE
O branco do papel
Reflete revolta na imaginação.
Não encontro palavras,
Nem outro símbolo qualquer.
Nem eus,
Encontro o verde plantado em minha
criação.
SAUDADE VEGETAL
Era uma Castanheira,
Cúmplice de sonhos e fantasias.
Hoje um terreiro barrento
E uma força de presença,
Que o vazio, a memória e a grandeza
Replantam em mim.
ELEGIA
ANO 2.100.
Estado do Acre.
Em grande tora de seringueira,
Exposta em cemitério de vegetais,
Esculpido à motosserra:
Eu sou a lembrança!
*
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Página publicada em julho de 2021
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